terça-feira, 14 de outubro de 2008

Travessia dos Sentidos
































































































































































CARTÃO POSTAL RESIDUAL DO VIADUTO SANTA IFIGÊNIA






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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Bolsa de Valores







































































































CARTÃO POSTAL RESIDUAL DA BOLSA DE VALORES (rua XV de novembro)




SÃO PAULO, 13 DE OUTUBRO DE 2008.
RUA XV DE NOVEMBRO EM FRENTE À BOVESPA.
15h


Uma grande nuvem por cima de nossas cabeças com perguntas diversas:

O que é ação? O que é uma ação cheia? O que é um índice de ação? Governança cooperativa? Mercado futuro? A bolsa está em alta ou em baixa em relação a que? Porque pregão chama pregão? O que é o acordo da Basiléia? O mercado está agressivo? O que é um ataque especulativo? Existe mesmo o dinheiro que circula na bolsa? Quem disse? A crise que vivemos hoje é tão grave quanto a de 29? A bolsa de valores é um fim ou um meio? Conseguimos tocar os valores que por ali circulam?

Valores.

O que é valor?

Valor 1. Qualidade de quem tem força, audácia, coragem, valentia, vigor 2. Qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau 3. O equivalente justo em dinheiro, mercadoria etc.

Chegamos à pergunta disparadora:

QUAL O SEU VALOR?

Essa pergunta deu um “parafuso cruzado” na cabeça dos passantes:

“Se fosse valor moral... eu teria menos dez”

“Meu valor está em todo o meu conhecimento”

“eu sou homem pra casar: de status, honesto, comprometido, otimista e bonitão”

“todo ser humano pode ser cotado. Mas o valor dele deve ser medido dependendo do momento de sua vida: se tem filhos, se está velho/jovem, se está saudável”

A bolsa deu uma subidinha hoje. O pessoal estava mais falante, todo mundo animado...

Ainda disse um senhor, que difere do grupo:

“o valor de alguém não é algo científico, mas algo que se sente”


Quanto vale um homem na cidade de São Paulo? O valor intrínseco? Podemos medir?

Balizamos por alguns índices: educação, condição financeira, beleza, força de trabalho, saúde, idade etc.

Quem é o homem de valor afinal? O self made man?

Estamos afogados em nossos valores.
Afogados na vida cotidiana e no que é visível.
Nossos valores estão em órbita, circulando na superfície, na fachada.

E o invisível? O que não pode ser medido? Contornado? O que não aparece na TV?

Vira dejeto.



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sábado, 11 de outubro de 2008

Ponto de Encontro


























































Sexta-feira, 10 de outubro de 2008, As Rutes preparam-se para uma nova viagem. Objetivo: encontrar o melhor ponto de encontro no vale do Anhangabaú. Com a placa “Ponto de encontro” na mão, dão os primeiros passos a partir do Sesc, na 24 de Maio.

– O que é isso?
– O que é que significa isso?

As reações são intensas. Muita gente olha, lê, acompanha a passagem, pergunta, se manifesta. O vendedor de guarda-chuvas e lápis-de-cor se exalta:

– Ponto de encontro, é um ponto de encontro!, corre até elas, que o observam em silêncio.

Silêncio. As Rutes são o próprio silêncio em solene procissão pela balbúrdia do Centro de São Paulo, um calar espesso e seguro que avança com elas. Não há dúvida, estão muito atentas a tudo o que se passa, mas o silêncio habita o lugar em torno delas.

Assim prosseguem até a praça Ramos de Azevedo. Quando começa a investigação.

No Anhangabaú, rio de almas, os encontros estão nas margens.



ponto de encontro


o encontro está nas margens


Anhangabaú:
– ingênua ou irônica? –
promessa de silêncio
no ventre da cidade.


a cidade não cala: não suporta ouvir os gritos das pedras.



(cartões postais residuais em processo)



CARTÃO POSTAL RESIDUAL DO VALE DO ANHANGABAÚ







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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ação Caça-Fantasmas

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FOTOS DA AÇÃO (CLIQUE PARA AMPLIAR)




























































































































































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(Cartões Postais residuais do Parque da Luz em processo)




CARTÃO POSTAL RESIDUAL DO PARQUE DA LUZ



– O que é isto?
– Eu sei lá que palhaçada é essa!

São As Rutes pela 24 de Maio à procura do Metrô República. Levam a placa da Missão Caça Fantasmas, e trabalhadores com suas placas de “Compro ouro, celulares, faço currículos etc.” se perguntam quem são essas novas colegas. Elas cumprimentam os colegas, mas vão se perdendo-achando naquele fluxo regular de pessoas.

– Pega essa rua à esquerda e depois à direita – indicou o vendedor de despertadores.

Na entrada do metrô, um garoto olha aquelas duas figuras azuis e estranhando de repente a realidade olha ao redor confirmando se tudo estava no lugar de sempre. O mundo seguia o seu como sempre, o garoto sorriu meio de lado e procurou um olhar que compartilhasse seu estranhamento.

Dentro do trem, momento de silenciar. Repassar na mente A MISSÃO: coletar histórias de assombração no Parque da Luz. O QUE LEVAM: a placa, as bolsas com vários petrechos, gravador, câmera fotográfica, câmera de vídeo e olhos e ouvidos bem abertos.

Baldeação e esperas depois, lá estão elas na estação Luz do Metrô. Caminham, passo lento e firme. Uma senhora pede uma informação. Os olhares rapidamente dirigem a ela uma intensa disponibilidade. As Rutes estão abertas, sensíveis a qualquer inesperado, e um pedido de informação é um grande evento.

Na saída, dois namorados se preparam para o amasso nas escadas.

– Aqui é o Parque da Luz?
– É ali, atravessando a rua.
– Estamos coletando histórias de assombração do Parque da Luz. Você conhece alguma?
– Puts, aí é o lugar certo. Vem aí à noite...
– Assombração deve ser essas mulheres...

Saindo do Museu da Língua Portuguesa, um grupo de garotos, vêem a placa com um fantasma na mira.

– Xi, cabeção, você é proibido aqui!

As Rutes adentram o parque. Abordam duas mulheres que estão paradas logo ali, apoiadas em uma cerca. Sabem uma história, podem contar, claro, por que não... Mas insistem, nada de fotografia. Têm famílias, que não sabem que elas trabalham ali, como prostitutas. Não haverá fotografia. Mas a presença da câmera, mesmo não apontada para elas, já é o suficiente para que elas corram dali.

– Fique tranqüila, não usamos nenhuma foto sem autorização.
– Ahã, mas eu não confio.

Assim é o Parque da Luz. Os que mais se mostram não querem ser vistos, a placidez das árvores e veredas guarda um silêncio cheio de por dizeres, e os olhares se entrecruzam, se buscam, negociando sua abertura e fechamento ao outro. Nada pode ser registrado.

Finalmente, As Rutes chegam ao coreto. Ali montam o centro especial de coleta de histórias. E saem em busca de histórias pelos caminhos do Parque...


Encontrei Catarina no Parque da Luz.
Olhava para o chão, procurando alguma coisa.
Ofereci ajuda e acabamos batendo um papo.

Disse que foi encontrada bebezinha dentro de um buraco escuro.
A senhorinha que a tirou de lá quase não enxergava, ou ainda, enxergava além, pois foi certeira pra dentro do mato buscar Catarina.

“já estava muito velhinha, um pé na cova e outro no sabão”

Ficou com Catarina por um tempo.
Quando ela completou três anos, a senhorinha escorregou e descansou em paz.
A menina foi viver com uma família de sete irmãos.

De todos eles, ela sempre foi a mais medrosa.
Medo de tudo mesmo.
Mas o medo mais medonho sempre foi o escuro, o pretume da noite.
“Catarina, não tem nada aí não! Ta com medo de que?”

“De cair no buraco....”

Cada dia ela encontrava um medo novo: de homem com barba, de grilo preto, de enceradeira, de borboleta e de andar de bicicleta.

Quando já era moça, surgiu um novo medo, pior que escuro:
O medo do medo.

Esse ela não dava conta... Perdia sua vida de pouquinho, cada vez mais invisível...

Resolveu procurar ajuda espiritual.
Foi até uma cartomante em busca do caminho da coragem.
A cartomante disse que sabia o caminho, mas não aconselhava:

“Posso te dar o caminho para conhecer “o tinhoso”, “o sem nome”, “o pé de cabra”. Ele vai te pedir a sua sombra em troca de coragem, toda coragem, sem limites, sem o contorno da sombra.... Quer?”

“Quero!”

Catarina não me contou seu encontro com o “sete pele”.
Melhor assim, nem filme que tem Diabo eu assisto... Morro de medo!

Apenas contou que ela fez todo tipo de coisa ruim nesses anos sem sombra: matou, roubou, judiou, humilhou, desprezou e por aí vai...

E não se sentia corajosa.
Disse que precisava de um tanto de medo para saber o tamanho da coragem.
Queria sua sombra de volta.

Voltou na Cartomante e ela disse que vez em quando o “inimigo” solta umas sombras por aí.
Em São Paulo, elas vão direto para o parque da Luz.

Por isso quando encontrei Catarina ela estava de cabeça baixa, procurando sua sombra.

Boa Sorte Catarina!